Quarta-feira, 4 de Outubro de 2006

Ei-la que chega

"Eis a Memória que vos guarda." Mas o que será guardado nesta memória capital? Pequenos fragmentos daquilo que me rodeia, daquilo que me rodeou. Estais bem guardados neste mausoléu. Só a alma, a memória é capaz de guardar tudo. Desde o dia longínquo da nossa infância em que aprendemos a andar de bicicleta (o que não é o meu caso, uma vez que nunca consegui manter o equilíbrio em cima da famigerada estrutura de metal com duas rodas) ou a fazer construções com blocos, até àquele olhar efémero que captamos ao nascer do sol, nas nossas primeiras aventuras longe dos pais ou dos que exercem qualquer tipo de poder orientador (por vezes repressivo) sobre nós.

E tantas vezes quando paramos para analisar o conteúdo da nossa alma, para além de encontrarmos três tipos de ideias diferentes como Descartes, sorrimos. Sorrir é bom. Eu própria, Ipsa Ego, gosto de ver vezes a fio as recordações que fui guardando e sorrir. Sorrir das desgraças, das figuras estúpidas que fazemos, dos momentos de alegria, até dos momentos de tristeza que nos projectaram para uma situação de afirmação ou melhor condição.

Eis a memória que me guarda fragmentada e ao mesmo tempo inteira – Ipsa Ego. Porque, o que sou eu senão o conjunto de fragmentos que a minha memória guarda? O que sou eu para além de uma construção de blocos simplesmente pueril? Eu sou o conjunto das minhas memórias. Eu sou a reacção às situações pelas quais passei. Eu sou a voz que não se cala e diz o que pensa. Eu sou a actriz principal do meu teatro. Eu sou a vossa guia neste Obelisco da Memória de um romance que ainda está por escrever. Eu sou aquela que cheia de preguiça se levanta da cama e numa luta desproporcional com o pessimismo sai vencedora para mais um dia em que tem de honrar a sua condição humana.

Eis a Memória que vos guarda, recordações, eis-me – Ipsa Ego.

publicado por MB às 23:15
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