Ontem tive a espantosa oportunidade de ir ao Teatro Nacional de São João, na grande Invicta, ver a peça Otelo do grande Shakespeare. Até agora ainda não encontrei uma palavra no meu vocabulário capaz de caracterizar de forma justa a peça. As interpretações foram fabulosas, a intriga já o é há muito tempo.
Mas lá está, ver tragédias, estando nós “in love” e vendo que tudo acaba morto… Digamos que nos altera um bocadinho o sistema!
O que as mentiras podem fazer! É por isso que há coisas que só vistas. As pessoas mentem a seu bel-prazer em funções de interesses económicos, em função de despeitos, em função de invejas, em função de ambições mórbidas.
E andamos todos com a cabeça no ar porque não nos interessamos em ouvir as verdades e fazemos coisas que não queríamos fazer… Depois nascem pequenas dores que ocultamos fazendo teatrinhos quotidianos. Mas the show must go on. E não devemos mostrar o lado oculto da nossa Lua.
Pequena Dor
A tua pequena dor
Quase nem sequer te dói
É só um ligeiro ardor
Que não mata mas que mói·
É uma dor pequenina
Quase como se não fosse
E como uma tangerina
Tem um sumo agridoce
De onde vem essa dor
Se a causa não se vê
Se não é por desamor
Então é uma dor de quê?
Não exponhas essa dor
É preciosa é só tua
Não a mostres, tem pudor
É o lado oculto da lua
Não é vício nem costume
Deve ser inquietação
Não a nada que a arrume
Dentro do teu coração
Certo é ser a dor de quem
Não se dá por satisfeito
Não a mates, guarda-a bem
Guardada no fundo do peito!
Cabeças no Ar