Finalizados os preparativos (suspiro) que tanto trabalho me têm dado, lembro-me agora que se me dissipou a lembrança de que sou como uma sem-abrigo com um vestido de noiva no roupeiro. É verdade, (ai, ai - suspiro) sou como a gata que não tem onde cair morta: ora poiso em casa da Marina, ora em casa do João, ora por aí na casa de mais amigos e chegados, e isto é para as vezes em que não tenho de ficar no carro. (Ai, ai-ai - suspiro)
Está decido tenho que arranjar um lar – não de 3ª, não de 2ª, mas de 1ª idade -, a nossa caixa de areia do amor. Aprendi em Direito (da Comunicação) que só usamos o verbo contrair para casamento, dívidas e doenças! Como com este calor o odor das caixas de areia está pela hora da morte e eu só quero contrair casamento, vou pedir aos meus parentes e futuros parentes (uma vez que toda a gente me ama profundamente, pelo menos enquanto interessa) para me providenciarem um pedacinho de quintal, jardim ou canteiro se mais não for, para estacionar a minha roulotte – dá para casa, casa de praia, casa de campo, casa da montanha, casa de alterne, casa do rio, casa da cidade, casa de banho, casa da aldeia, Santa Casa da Misericórdia, casa do povo ou até casa do Benfica! (tudo isto com placa de vitrocerâmica)
Visto que não sobrar dinheiro depois do investimento matrimonial, faremos uma ligação ao poste de electricidade mais próximo com vista a poupar na luz; usaremos a box da TV por cabo do familiar generoso e amigo; quanto ao gás… será por conta própria.
A decoração está ainda pendente da agenda do moçoilo que me ajudou com as pulgas no dia da despedida de solteira, para me auxiliar na escolha dos móveis.
O país e o casamento, todos os dias, no quintal do meu tio!
Trulilooooooo!