Sexta-feira, 8 de Dezembro de 2006

'How fragile we are?' – odeio a chuva…

Disse-me, noutro dia, o meu tio que este tempo de chuva é bom para os poetas. Começo a perceber porquê. Tanta água dá-nos um estado tal de melancolia que não dá vontade de fazer nada. Ficamos enovelados em nós próprios, à espera que venha o sol para dar um brilho renovador a tão cinzentas nuvens. E neste retiro de novelo ficamos a sós com os nossos pensamentos. Então, fervilha qualquer coisa cá dentro que nos puxa para o papel para escrever essa qualquer coisa que, mesmo sabendo o que é, insistimos em dizer que desconhecemos.

Contudo, não usando o papel, escrevo as minhas memórias (será que já as tenho?) no computador. Escrevo, escrevo, escrevo… Mas nada aparece no monitor. Às vezes não é a inspiração que falta, é a coragem para exteriorizar o que nos diz a inspiração. E como não sou capaz de estar em frente ao computador sem ouvir música, ponho-me a flutuar pelas melodias. E tanto flutuei esta tarde que fui bater contra a música Fragile do Sting. Nada melhor me podia ter acontecido. Começo a achar que o Sting e o meu querido Nuno Júdice comungam de algumas perspectivas. De facto, esta música encerra uma verdade tão grande como a Rússia, quem sabe maior. O ser humano é frágil.

Porque o último acto da nossa peça é sempre feito de fragilidades, porque o tempo não apaga as feridas da alma, porque a vida é diferente para todas as pessoas. Somos, provavelmente o animal mais poderoso, mas também o mais frágil. Seria tudo diferente (melhor?) se tivéssemos instintos em vez de sentimentos. O instinto obriga a abrigar da chuva, o sentimento faz-nos chover…

E, na sequência de tantas coisas que me aconteceram nos últimos tempos, posso dizer que estou melancólica, que me sinto frágil e que estou farta de ver a chuva a molhar-me.

Quero sol, quero ouvir o meu canto da cotovia…

Mas, enquanto não o ouço, ouço o Sting que também é bom…

 

If blood will flow when flesh and steel are one
Drying in the colour of the evening sun
Tomorrow's rain will wash the stains away
But something in our minds will always stay
 
Perhaps this final act was meant
To clinch a lifetime's argument
That nothing comes from violence
and nothing ever could
For all those born beneath an angry star
Lest we forget how fragile we are
 
On and on the rain will fall
Like tears from a star
Like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are
How fragile we are
 
Fragile, Sting
publicado por MB às 22:45
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