Terça-feira, 12 de Agosto de 2008

Vita Brevis

 

Ainda não aprendi a usar o pretérito imperfeito, nem a torná-lo perfeito. Só vivi metade do que hei-de viver e já dizia o meu amado Júdice “a vida partiu-se-lhe ao meio. Talvez não ao meio: teria chegado a vivê-la?” E assim sendo, ainda há muito tempo para aprender a usar os verbos nos tempos correctos, a corrigir as palavras mal ditas, a saber manipular esta Melancolia em Sentido Próprio.

É que se a minha cabeça nunca foi muito boa, agora está pavorosa. E digo-o sem intenções de despertar piedades ou encantos de compaixão forçada. Digo-o porque é verdade. Porque o meu Lado Esquerdo está uma completa confusão. Já não há guias de orientação e a minha cabeça não pára e eu estou sempre a tentar torná-la oca. O mundo é maior que eu e eu ainda não aprendi a viver na pequenez da existência sem drogas, sem vozes constantes a perturbar-me o sono que não durmo, sem uma vontade incapaz de gritar em choro tudo isto que me atormenta. O Caeiro é que tinha razão quando dizia que “Pensar incomoda como andar à chuva quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não quero pensar, não quero, não quero e não quero. Mas não consigo e tenho a cabeça povoada de duendes maquiavélicos que não se calam e sussurram ladainhas de rosários de memórias e eles agrilhoam-me. Já não me lembro da última vez que escrevi, pelo menos da última vez que escrevi duas palavras que tivessem um sentido aceitável. E não faz sentido, porque se eu ouço as vozes devia conseguir. Se calhar é tudo como dizia o Eugénio de Andrade: “Já gastamos as palavras...” E eu já não as posso usar porque os meus olhos não são “peixes verdes”.

Está na hora de aprender a ler a poesia dos outros e aceitar que a minha fica como está. Com Tudo o que temos cá dentro.

música: Vita Brevis - Rodrigo Leão
publicado por MB às 23:51
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De aeu a 29 de Agosto de 2008 às 00:27
Olá colega!
Já falamos e/ou dissertamos mais ou menos sobre este assunto, algumas vezes! E com jeito, vamos sempre chegar ao mesmo lugar! Qualquer humano que tenha a plena consciência da realidade "real" do mundo à sua volta e mais além, tem, inevitavelmente muitos problemas na sua forma de estar e de tentar encaixar-se na sociedade! Se formos coerentes, tudo à nossa volta parece-nos incoerente! Se formos honestos, somos comidos por todos! E se não lutarmos, matam-nos! Ora aí tens! A vida, dia após dia, é uma guerra! Tanto física como psicológica! E não há outra forma... com as armas de que formos dispondo, temos que lutar! Há dias em que tudo parece um abismo sem fim, mas haverá dias em que o sol radioso irá dar um ar da sua graça, e aparecerá a verdade de que somos realmente construídos!
Uma beijoca forte! Com ou sem drogas prescritas a ajudar, bora lá" que para a frente é que é o caminho!
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Olá colega! <BR>Já falamos e/ou dissertamos mais ou menos sobre este assunto, algumas vezes! E com jeito, vamos sempre chegar ao mesmo lugar! Qualquer humano que tenha a plena consciência da realidade "real" do mundo à sua volta e mais além, tem, inevitavelmente muitos problemas na sua forma de estar e de tentar encaixar-se na sociedade! Se formos coerentes, tudo à nossa volta parece-nos incoerente! Se formos honestos, somos comidos por todos! E se não lutarmos, matam-nos! Ora aí tens! A vida, dia após dia, é uma guerra! Tanto física como psicológica! E não há outra forma... com as armas de que formos dispondo, temos que lutar! Há dias em que tudo parece um abismo sem fim, mas haverá dias em que o sol radioso irá dar um ar da sua graça, e aparecerá a verdade de que somos realmente construídos! <BR>Uma beijoca forte! Com ou sem drogas prescritas a ajudar, bora lá" que para a frente é que é o caminho! <BR class=incorrect name="incorrect" <a>AEu</A>
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